sábado, 4 de agosto de 2007

Beatriz (Teresa Ovídeo)

Quando, em 1994, subiu ao palco do Festival de Avignon, com 'Ay Carmela', a crítica francesa qualificou-a de "pérola rara". E em Paris se manteve - trabalha há 15 anos em França - até surgir agora o convite para interpretar "Beatriz Carvalho", personagem da telenovela 'Morangos com Açúcar', da TVI. Num intervalo de gravações da novela, Teresa Ovídio fala da sua experiência e planos profissionais.
"Os miúdos dos 'Morangos' têm uma força incrível"
Dentro de uma semana inicia as filmagens da fita de João Botelho, 'Corrupção', baseada no livro de Carolina Salgado. Sempre acompanhada por Mati, o filho de cinco anos que está a aprender as primeiras palavras em português, Teresa Ovídio admitiu que ficará por cá enquanto surgirem propostas de trabalho.
1. Quem é a Teresa Ovídio para a crítica francesa?
Teresa Ovídio: Digo sempre que sou portuguesa mas insistem em pensar que sou italiana ou espanhola. E, modéstia à parte, tenho excelentes críticas de coisas que faço em teatro. Os críticos gostam de mim, o que também se deve à qualidade das peças em que tenho entrado. Começou tudo com 'Ay Carmela', que já foi representada 800 vezes.
2. Porque rumou a França?
Comecei por ir sozinha, aos 18 anos, para ter aulas de dança. Hoje teria escolhido Nova Iorque, onde adorei passar quatro meses. Como comecei em França, houve uma certa sequência de acontecimentos. A vida passa depressa e o trabalho começou a aparecer. E acabei por ficar em Paris. Aprendi a gostar da língua só recentemente. Mas estar cá, faz-me pensar porque parti e me sinto bem lá.
3. Pensa fixar-se em Portugal?
Estou a gostar imenso de trabalhar cá. Gostava imenso de continuar. Mas apetece-me voltar para lá também. Vou para onde me dão trabalho. Sou muito nómada. Em Paris mudo de casa quase todos os anos.
4. Conhecia os "Morangos"?
Não.
5. Teve oportunidade de assistir a algum episódio?Vi duas ou três vezes.
6. Agradou-lhe o que viu?
Tenho gostado. Há um certo aspecto lúdico. É uma série cada vez mais adaptada aos problemas do dia-a-dia. Os miúdos têm uma força incrível. Alguns não sabem se virão a ser actores mas sentem aquilo que estão a fazer. E esforçam-se ao máximo.
7. Os jovens actores pedem-lhe conselhos ou ajuda?
Ajuda não diria. Mas falamos muito. Ser actor é para a vida inteira. E acho que é isso que eles pretendem. No meu caso, não me via a fazer outra coisa. Mas é preciso preserverança.
8. Questiona-se?
Imenso. Todos os dias. O que me leva a dizer que sou actriz ao contrário daquela que pensa que pode ser. Questiono-me se estou a dar o meu melhor. Se terei alguém excelente que ma dirija
.9. Tal como a personagem, já se apaixonou por alguém mais novo?
Não. Até gosto de pessoas mais velhas. Gosto deles bem mais velhos. Mas tenho uma relação óptima com o pai do meu filho, que tem cinco anos. Chama-se Mati.
10. A "Beatriz" continua para além desta temporada?
Pode manter-se. Não quero responder a essa pergunta.
11. Implica contrapartidas?
Implica uma cedência de uma parte e de outra. Também tenho compromissos em Paris.
12. Alguma peça de teatro?
Sim, este ano formei uma companhia de teatro com Jean-Marie Galey, que é o pai do meu filho. Conhecemo-nos em cena na 'Ay Carmela' e estamos juntos há 10 anos. Vamos trabalhar durante três anos Tchékhov, com actores do leste e talvez alguns portugueses.
13. Recebeu outros convites por cá?
Vou trabalhar com o João Botelho, num papel de advogada, no filme 'Corrupção'. 14.
Sabe a história em que se baseia o filme?
Conheci há pouco tempo. Mas não comento. Gostava muito de trabalhar com o João Botelho. É um desafio muito grande.
15. Conhece alguém do elenco?
O Nicolau Breyner. Nas poucas cenas em que o vejo numa novela à noite, acho-o muito bom actor. Já com a Margarida Vila Nova, por acaso, foi muito giro. Passei um serão com ela na primeira semana em que estava cá. Ela não sabia quem eu era e vice-versa. Dá-me a sensação que deve ser muito boa actriz.
16. Vai ser possível conciliar as filmagens com os 'Morangos'?
Se vai.. No filme não tenho um grande papel. Isso gostava eu.

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